segunda-feira, 18 de maio de 2009

Lobo Antunes

"(...) e a lembrança do frasco de perfume esquecido a aumentar, de chinelos conjugais no corredor, de outra escova de dentes no copo, e de repente uma vozinha de pavio de círio

- Você sabe o que é ter saudades de uma escova de dentes, amigo?

Por acaso sei, enfim julgo que sei mas calo-me. Uma escova de dentes cor de rosa, com pêlos brancos um bocadinho desgrenhados, uma escova de dentes linda a iluminar-me uma zona escondida da alma. Procuro trocos na algibeira, peço

- Dê-me aí um calicezito de bagaço

que não me importa que o meu fígado se torne uma esponja esburacada. A gente tem de morrer de qualquer coisa, não é?"

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