“Não defendo o meu procedimento. Explico-o. Há também na minha carta certos passos que se referem ao meu desenvolvimento mental na prisão e à inevitável evolução do meu carácter e atitude intelectual para com a vida daí derivada; e quero que Você e os outros que ainda se mantêm a meu lado e por mim ainda conservam afeição saibam exactamente em que disposição de espírito e de que modo espero defrontar o mundo. É claro que, sob certo ponto de vista, sei que no dia da minha libertação nada mais farei do que passar de um cárcere para outro, e ocasiões há em que o mundo inteiro me parece não maior do que a minha cela e me infunde o mesmo terror. Todavia, creio que no princípio Deus fez um mundo para cada homem separado, e nesse mundo, que existe dentro de nós, devia cada qual procurar viver. Como quer que seja, essas partes da minha carta hão-de penalizá-lo menos que as outras. Não necessito, é claro, de lhe lembrar que fluída coisa é para mim o pensamento – para nós todos – e de que evanescente substância são feitas as nossas emoções. Contudo, vejo uma espécie de possível meta para a qual, por meio da arte, poderei orientar os meus passos.
A vida da prisão faz-nos ver as pessoas e as coisas como realmente são. Por isso é que ela nos transforma em pedra. Só as pessoas lá fora é que são enganadas pelas ilusões duma vida em constante movimento. Giram com a vida e contribuem para a sua irrealidade. Nós, que estamos imóveis, vemos e sabemos.
Faça ou não esta carta bem a naturezas tacanhas e cérebros hécticos, fez-me bem a mim. ‘Limpei o seio de muita ganga perigosa.’ Não preciso de lhe lembrar que a mera expressão é para um artista a suprema e única feição da vida. Se não nos manifestamos, não vivemos. (...) Há quase dois anos que trago dentro de mim um peso crescente de amargor, de uma grande parte do qual me libertei agora. Do outro lado do muro da cadeia há umas pobres árvores de que estão agora a brotar botões de um verde quase gritante. Sei perfeitamente o que nelas se está a passar: estão procurando expressão.”
Isto foi incluído nas instruções acerca de uma carta que Oscar Wilde escreveu enquanto esteve preso.
Eu só tenho a dizer que até hoje sinto que falhei.(Perceberá quem tiver de perceber)
P.S.- Quanto à insinuação do Bilé de não ser saudável partilhar pensamentos comigo.... eu sou a prova viva disso!
A Ordem dos Médicos
Há 19 horas
3 comentários:
voces andam com muitos codigos...tens que me mandar as instrucoes para perceber as vossas "privates"!
Código? o que ele disse está o post anterior. Sei que não têm a qualidades do meus mas podes dar-lhes alguma atenção também, não fico com ciúmes 0=)
lol...desculpa mas n decoro os posts todos...ainda assim a minha atenção é distribuída equitativamente por todos...ou talvez nao visto que os teus nao sao nada levezinhos!
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