domingo, 2 de novembro de 2008

O meu desabafo

Amigos e amicíssimas...

Há muito tempo que não escrevo no blog. Hoje decidi pôr um ponto final no alastramento desse facto...
O principal assunto que venho aqui focar e partilhar convosco é a minha vida!.. é verdade, sinto a minha vida a mudar... e ninguém pára de crescer, não é?
Ultimamente tenho andado mais stressado e irritado com o mundo em redor. Desculpem a minha personalidade mesquinha quando chateio o Diogo ou digo mal das amigas da laginha, mas sou assim, não vou mudar, e acho que tenho razão! Mas ás vezes, exageramos e não pensamos que podemos estar a descarregar os nossos piores sentimentos nas pessoas que mais gostamos... por isso, antes de vos dizer o que tenho vindo a sentir, quero endereçar um pedido de desculpas às pessoas mais "afectadas" pelas minhas últimas investidas (principalmente ao Diogo - que continua a não fazer a ponta dum corno, mas pronto!=) -)
Então, como eu ia dizer, sinto-me a crescer... tão depressa numas coisas, tão devagar noutras. Hoje, olho para mim e vejo: com 22 anos:
- um bom cv para começar uma carreira hoteleira de sucesso: 3 estágios feitos com muito sucesso (1 na Alemanha), uma curta passagem pela Vila Galé, alguns trabalhos para trás de tudo isso e, neste momento, a luta por um lugar no Fontana Park Hotel...
- uma casa em meu nome praticamente paga (graças ao meu pai).
- um quarto na portela, estável por enquanto.
- um carro meu.
- cerca de 4000 eur em caixa para o que der e vier, sempre numa perspectiva poupada e prudente.
Até agora tudo bem, as coisas vão estando estáveis, tranquilo!
Mas não é tudo...
- Apesar da boa evolução nos trabalhos que fiz, ainda falta muito para chegar onde quer que seja, e é preciso muito trabalho, dedicação, esforço e sacrifício... noites sem dormir, saídas proibidas, vida social a cair, poucas férias, fins-de-semana que passam a "fugir", rotinas a cumprir... mas… uma coisa é certa: condições não me faltam...
- a vida familiar e caseira todos conhecem, nunca sei o que vai acontecer, portanto a minha casa será, quase de certeza, o próximo refúgio num futuro breve (!?)
Vejo a minha fase adulta aì à porta, mas eu ainda me sinto nas doroteias... às vezes tenho a sensação que nem à faculdade cheguei...
Por um lado quero avançar, chegar aos melhores lugares e gerir hotéis, de preferência todos como o fontana ou melhores ainda... Mas, por outro lado, tenho medo dessa vida, não quero enfrentá-la, não me sinto preparado para perder esta liberdade...
O que fazer? Só vivemos uma vez, temos que aproveitar tudo...
Eu não quero estar a trabalhar e, ao mesmo tempo, estar a contar o tempo que falta para me ir embora...! Contar o tempo é das piores coisas que se pode fazer, pois isso significa que não está a ser aproveitado, logo a vida não está a ser aproveitada para fazer as coisas que mais gostamos, logo estamos a contar o tempo que nos falta até à decadência, demência e morte...
Nenhum dos meus amigos tem, ainda, esta vida… Ou seja, nenhum deles me pode ajudar, porque nenhum deles sente o mesmo que eu... apesar da solidariedade, que muito agradeço!
(Dava jeito que eles acabassem os cursos rápido... mas pronto...)
Outra das coisas que me chateia são as horas de ponta... Os "suores frios" do nosso amigo diogo são frequentes nestas horas... as maquilhagens borradas pela chuva mostram o protocolo que todos seguem, pelos quais a sociedade se rege...
Enfim, não há sorrisos nem muita vontade... o dinheiro ao fim do mês fala mais alto... as pessoas não andam, marcham... fardadas... mascaradas... obrigadas... indetectáveis...
A quantidade de gente infeliz que se vê apertada no metro (autêntica lata de sardinhas entre as 8 e as 9, e entre as 18 e as 19) na ânsia de chegar a tempo ao local de trabalho, a correr nas ruas no despertar da manhã, cansadas e já desgastadas... outras a buzinar nos carros, a levar miúdos parvos, chatos, inconscientes e vaidosos com uma quantidade de merdas desnecessárias à sua existência e vivência, compradas com o dinheiro destes pais (também eles parvos, inconscientes e maus educadores…), o qual foi ganho com sofrimento, ou foi pedido ao banco para ser pago mais tarde juntamente com os juros que os créditos acarretam… Estes miúdos, que vivem numa ilusão profunda, são os mesmos que fazem birra às 18 da tarde porque os pais não estão lá a horas para os apanhar, quando estes até acidentes têm, quando só para fazer a vontade aos pequenos, aceleram pelas ruas da cidade...
Estes míudos crescem e passam das escolas para as faculdades. Passamos dos meninos mimados para os adultos mimados! E aqui chegamos ao ponto mais alto da minha indignação: os milhares de inúteis e medíocres que se “passeiam” pelas universidades do nosso país…! Vaidosos com o que não lhes pertence mas que teimam em afirmar que é deles… “o meu carro novo…”, “o meu telemóvel novo”, “o meu portátil Vaio ou Apple…”… Ou outro tipo de expressões brutais: “Ontem, abri um hotel…” (Adorei! Para além do hotel em questão nem ser dele, a pessoa em questão nem a honestidade tem para dizer que apenas deu uma ligeira mãozinha numa pequena festa de inauguração e abertura…), ou “Estou a trabalhar na empresa XPTO mas fui eu que lá entrei!” (Lógico, querias que a tua cunha também fosse trabalhar por ti, não!?) etc etc etc…
Curiosamente, esta gente que tudo tem, que tudo ostenta, como se de uma encenação de poder se tratasse (deixem-me dizer que algumas raparigas que, para vestir todas as peças mais caras que tem em casa, chegam a roçar o ridículo… mas pronto… há rapazitos ridículos também…), são normalmente as pessoas mais mal-educadas que já vi… tudo bem que a prepotência está ligada a gente rude, bem como à ganância (quanto mais se tem, mais se quer) mas porquê? Será que é assim tão “in” ser mal-educado para os outros, para aqueles que estão “abaixo” de nós?
Porque é que as pessoas não são humildes e respeitadoras? Porque é que se fala mal com os empregados que nos estão a servir, por exemplo?
Enfim, não há dúvida que esta geração moranguita atingiu um ponto incontornável de estupidez…
Deixo-vos a reflectir com estas últimas questões (retóricas… lol). Espero que me entendam, e que percebam esta metamorfose que estou a passar. Já me sinto muito mais independente, apesar de não totalmente. Isso é bom, mas também mostra um lado mau, na medida em que é um novo passo na minha vida que marca o fim de uma infância longa e de uma adolescência rica…
O futuro dirá o resto…
Beijinhos e abraços.

2 comentários:

Rita disse...

RESPONSABILIDADE:
do Lat. * responsabilitates. f.,
qualidade do que é responsável;
obrigação de responder por certos actos próprios ou alheios ou por alguma coisa que lhe foi confiada.
(...)

Meu querido, não me agoires o futuro! Por vezes anseio-o e outras nem por isso; na verdade porque 'RESPONSABILIDADE, PARA QUE TE QUERO?' (nem de propósito, coincidência das coincidências: http://ritalaginha.blogspot.com/2008/11/responsabilidade-para-que-te-quero.html)

Sabes o que acho? que precisas de encontrar nesta nova fase da tua vida as vantagens que ela tem para te oferecer. Porque em tudo há vantagens e desvantagens,coisas boas e menos boas, assim como com as pessoas...

CA disse...

"ou digo mal das amigas da laginha"
Adorei esta parte;)